Lúpus: Doença inflamatória ainda é pouco conhecida
Algumas doenças ainda são pouco conhecidas do público em geral, mas são mais comuns do que se imagina.De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, estimativas indicam que existam cerca de 65 mil pessoas com a doença no país
Publicado em 02/03/2021 13:24 - Atualizado em 02/03/2021 13:35
O Lúpus é uma doença auto-imune, ou seja, ocorre quando o próprio sistema imunológico de uma pessoa passa a atacar órgãos e tecidos do corpo -como se eles fossem invasores externos. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, o lúpus atinge cerca de 65 mil brasileiros. A maioria dos acometidos são mulheres, a média é de uma a cada 1.700. Porém, a doença pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo.
Conforme a reumatologista da Acispes, Luana Gerheim Machado, a diversidade de sintomas acaba fazendo com que o paciente demore a chegar ao reumatologista, que é uma das especialidades médicas que cuida dos acometidos pela doença, e que tenha um diagnóstico preciso. Segundo ela, é importante ficar atento aos primeiros sintomas, principalmente manchas avermelhadas no rosto, aftas de repetição, alterações nos exames de sangue, como a anemia e a perda de proteína apontada no enxame de urina. Além disso, o exame de sangue aponta o fator nuclear (FAN), que é mais específico para o Lúpus.
A médica alertou que outro sintoma comum é a queda de cabelo. “Os pacientes são direcionados para nós por sermos especialistas em atendimento de doenças auto-imunes, de natureza inflamatória crônica, mas dependendo do caso clinico do paciente, é necessário trabalhar em conjunto com várias outras especialidades, como dermatologistas, neurologistas, psiquiatras, nefrologistas, altera muito de paciente para paciente. Outros profissionais que sempre trabalhamos em conjunto são os nutricionistas, fisioterapeuta e educadores físicos”, comentou.
O dermatologista da Acispes, Marcelino Pereira Martins Neto, reforçou que o diagnóstico da doença é complexo pela variedade dos sintomas, podendo apontar para várias especialidades médicas. Geralmente, a busca pelos dermatologistas ocorre devido ao aparecimento das manchas na pele, que estão presentes, segundo a Sociedade Brasileira de Remautologia, em 80% dos casos de Lúpus eritematoso sistêmico, ao longo da evolução da doença.
“Não deixo de fazer nada que eu gosto por causa da doença”
Quem convive com a doença desde 2018 é a Supervisora do setor de Recursos Humanos da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes), Kamila de Melo Silva. Desde a descoberta do Lúpus, ela vem provando ser possível conviver com a doença e ter qualidade de vida.
De acordo com a supervisora, os primeiros sintomas começaram no final de 2017, quando apareceram algumas manchas avermelhadas e ela teve um ganho de peso significativo. O aumento na balança chamou sua atenção, já que seu biótipo físico era magro. “No início fiquei sem saber como agir, foi necessário passar por vários profissionais e fazer uma série de exames até ter, de fato, o diagnóstico. Eu tenho Lúpus, mas não vivo o Lúpus. Tomo todos os medicamentos, faço acompanhamento, mas não deixo que fazer nada que eu gosto por conta da doença. Vou à praia, tomo sol, me alimento bem, faço exercícios com todos os cuidados. ”
Tratamento
Conforme a reumatologista Luana Gerheim Machado, por se tratar de uma doença auto-imune e de natureza crônica inflamatória, ela precisa ser cuidada continuamente. Os medicamentos são usados por um longo período quando a doença está ativa, tendo como principais sintomas dores musculares e nas articulações, fadiga e um cansaço extremo. De acordo com ela, quando a doença não está ativa é possível diminuir as doses dos medicamentos ou até mesmo suspender alguns. “Um diagnóstico e tratamento precoce ajuda muito no controle da doença, mesmo não tendo cura os tratamentos estão mais evoluídos”, concluiu a médica.
por Comunicação Acispes